O Sucesso
de acordo com Deus
Por Hermes C. Fernandes
Basta entrar numa livraria, secular ou cristã, procurar as prateleiras de livros de auto-ajuda, para lá encontrar inúmeros títulos sobre sucesso.
"Como alcançar sucesso", "Sucesso
não é acidente", "Sucesso é ser feliz", "Sucesso não
acontece por acaso", "7 passos para o Sucesso", são alguns dos
títulos que você poderá encontrar.
A maioria oferece um tipo de receita de bolo, com
passos e ingredientes necessários para se obter sucesso.
Até aí, tudo bem. Vamos relevar...
O problema não está na receita em si, mas na
definição de sucesso. O que é "sucesso", afinal?
Na ótica do mundo, sucesso pode ser considerado
êxito profissional, aquisição de bens de consumo, realização conjugal, etc.
Que definição as Escrituras nos dariam? O que seria
"sucesso" na ótica divina?
E mais: Qual seria o aferidor usado por Deus para
medir nosso sucesso? Será que Ele se impressionaria com nossas realizações?
Poderíamos mensurar o sucesso de alguém pelo carro
que dirige? Ora, o carro zero de hoje, será a lata-velha de amanhã. Não é em
vão que se diz que o sucesso é efêmero, fugaz. Se nossa definição de sucesso se
ativer à aquisição de bens, ou mesmo à fama, então tal ditado deve ser
confirmado. A celebridade de hoje, poderá cair no esquecimento amanhã. O Retiro
dos Artistas, situada em Jacarepaguá, RJ, está cheia de exemplos disso. Gente que
foi sucesso um dia, e hoje está abandonada até pela família. Não fosse o
belíssimo trabalho realizado por aquela instituição, muitos estariam, não
apenas fadados ao esquecimento da população, mas entregues à miséria.
Haveria, então, um sucesso que não fosse
passageiro? A resposta é sim!
E se estivermos interessados nesse sucesso, temos
que recorrer às Escrituras em busca de sua definição.
Antes de definir "sucesso" na ótica
divina, destaquemos dois exemplos bíblicos de sucesso, um segundo Deus, e outro
segundo o mundo.
Comecemos pelo exemplo de sucesso segundo Deus:
Moisés.
O escritor de Hebreus diz que "pela fé
Moisés, sendo já homem, recusou ser chamado filho da filha de Faraó. Escolhendo
antes ser maltratado com o povo de Deus do que, por algum tempo, ter o gozo do
pecado. Teve por maiores riquezas o opróbrio de Cristo do que os tesouros do
Egito, porque tinha em vista a recompensa" (Hb.11:24-26).
Quem, em sua sã consciência, recusaria participar
da linha sucessória de Faraó? Em termos populares, Moisés estava com a faca e o
queijo na mão. Como filho da filha de Faraó, ele era forte candidato ao trono
da maior potência do mundo de então. Entretanto, ele abriu mão de tudo isso.
Passou quarenta anos peregrinando com os hebreus
pelo deserto do Sinai. Ao morrer, sequer teve uma sepultura digna, como as dos
faraós.
É sabido pelos arqueólogos que as famosas pirâmides
egípcias foram construídas como gigantescos sarcófagos para os monarcas do
Egito. Nelas eram depositados, não apenas o corpo do rei, mas também todos os
seus tesouros. Quanto maior a pirâmide em que fosse sepultado, maior o sucesso
que aquele Faraó havia alcançado durante sua gestão como soberano do Egito.
Porém, Moisés sequer teve uma sepultura. O texto
bíblico apenas indica que o próprio Deus o sepultou, mas seu corpo jamais foi
localizado.
Moisés trocou o cetro egípcio por um cajado rústico de pastor. Trocou a vida cômoda dos palácios por uma vida nômade. Alguém se atreveria a dizer que Moisés não obteve sucesso aos olhos de Deus?
Moisés trocou o cetro egípcio por um cajado rústico de pastor. Trocou a vida cômoda dos palácios por uma vida nômade. Alguém se atreveria a dizer que Moisés não obteve sucesso aos olhos de Deus?
A propósito, qual era o nome do Faraó contemporâneo
de Moisés?
Alguns milênios se passaram, e pouquíssimas pessoas
sabem o nome daquele monarca. Porém, tantos judeus, quanto muçulmanos e
cristãos honram o grande libertador e legislador que foi Moisés.
Seu nome e sua obra jamais serão esquecidos. Até os ateus reconhecem em Moisés uma das mais importantes e emblemáticas figuras da História. Portanto, podemos afirmar que Moisés foi um homem de sucesso.
Seu nome e sua obra jamais serão esquecidos. Até os ateus reconhecem em Moisés uma das mais importantes e emblemáticas figuras da História. Portanto, podemos afirmar que Moisés foi um homem de sucesso.
Como poderíamos definir "sucesso"?
Ou ainda, como Deus mediria nosso sucesso? Qual o
critério pelo qual alguém é considerado bem-sucedido para Deus?
É notório que o apóstolo mais bem-sucedido foi
Paulo. Ninguém fez tanto em tão pouco tempo. Foi seu empenho que proporcionou
que o cristianismo avançasse para além das fronteiras judaicas.
É o
mesmo apóstolo que nos revela que o sucesso de alguém é medido pelo número de
ações de graça que são dirigidas acerca a Deus.
Ao conclamar a igreja de Corinto a participar da
oferta que estava sendo levantada para ajudar os cristãos em Jerusalém, Paulo
os estimula, dizendo: "Em tudo sereis enriquecidos para toda a
generosidade, a qual faz que por nós se dêem graças a Deus. A ministração deste
serviço, não só supre as necessidades dos santos, mas também transborda em
muitas graças, que se dão a Deus. Visto que esta ministração prova que sois
obedientes, e seguis o evangelho de Cristo, eles louvarão a Deus. E também
louvarão a Deus pela liberalidade das vossas dádivas para com eles, e para com
todos. E orarão com grande afeto por vós, por causa da excelente graça que Deus
vos deu" (2 Co. 9:11-14).
Para o mundo, o sucesso é medido por aquilo que conseguimos amealhar, pelas riquezas que concentramos em nossas mãos. Para Deus, o sucesso é medido por aquilo que conseguimos distribuir, fazendo com que ações de graça pela nossa vida cheguem constantemente a Ele.
Para o mundo, o sucesso é medido por aquilo que conseguimos amealhar, pelas riquezas que concentramos em nossas mãos. Para Deus, o sucesso é medido por aquilo que conseguimos distribuir, fazendo com que ações de graça pela nossa vida cheguem constantemente a Ele.
Pouco importa para Deus a marca do carro que
dirigimos. O que importa são as pessoas a quem oferecemos carona, ou a quem
socorremos em nosso veículo. O que importa não é quantos cômodos há em nossa
casa, e sim quantas pessoas temos hospedado nela. Não importa a grife de nossas
roupas, mas aqueles a quem agasalhamos.
Não há oração mais eficaz do que aquela regada de
ações de graça.
Quantas pessoas têm se dirigido a Deus em ações de
graça pela sua vida? Para quantos sua vida representa o dom dos céus?
A tradição protestante não admite que se faça
oração por aqueles que já morreram. Mas nada nos impede de continuar
agradecendo a Deus por alguém que já partiu deste mundo.
Quando leio um bom livro de um autor que viveu
séculos atrás, eu louvo a Deus por sua vida, e pelo legado que ele deixou.
Agradeço aos céus pelo pai exemplar que tive, mesmo
tendo deixado o mundo há quase oito anos. Embora ele não tenha deixado um
grande patrimônio para a família, seu maior legado foi seu exemplo de vida, e
assim como Abel, mesmo depois de morto, seu testemunho não perdeu a eloquência.
Escrevendo para os cristãos de Tessalônica, Paulo
diz: "Sempre damos graças a Deus por vós todos, fazendo menção de vós
em nossas orações, lembrando-nos sem cessar da obra da vossa fé, do vosso
trabalho de amor e da vossa firmeza de esperança em nosso Senhor Jesus Cristo,
diante de nosso Deus e Pai (...) De maneira que fostes exemplo para todos os
fiéis..." (1 Ts. 1:2-3,7a). Um pouco mais adiante, nesta mesma
epístola, Paulo exclama: "Que ação de graças poderemos dar a Deus por
vós, por todo o gozo com que nos regozijamos por vossa causa diante do nosso
Deus...?" (3:9).
Paulo não poupou elogios aos irmãos daquela cidade.
Aquela poderia ser considerada uma igreja padrão, exemplo para as demais, digna
de que por ela se oferecessem ações de graça a Deus.
Conhecendo este princípio, Paulo não se inibe em
pedir: "Ajudando-nos também vós com orações por nós, para que por
muitas pessoas sejam dadas graças a nosso respeito..." (2 Co.1:11a). E
mais adiante ele arremata: "Tudo isto é por amor de vós, para que a
graça, multiplicada por meio de muitos, torne abundantes as ações de graça para
a glória de Deus" (4:15).
Em vez de ficarmos por aí, rogando que os irmãos
sempre orem por nós, que tal se nos tornarmos motivos de gratidão da parte
deles para com Deus? Não será preciso pedir. Eles mesmos expontaneamente, se
lembrarão de nós quando estiverem ante o trono da graça, e agradecerão por
nossas vidas.
Isso é sucesso! Que se multiplique o número de
ações de graça pela sua vida! E quanto mais formos bênção na vida de outros,
mais o Senhor terá prazer em manifestar em e através de nós as Suas bênçãos.
Antes de esperar que
outros agradeçam a Deus por sua vida, pare um pouco para pensar, e lembre-se
daqueles que têm sido bênçãos em sua vida. Agradeça a Deus por eles.
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