Por Pr. Renato Vargens
Pastor, conferencista e escritor
Editor do site Renato Vargens
Editor do site Renato Vargens
Em
Época de eleição algumas igrejas se transformam em palanque político onde
pastores, líderes e afins comercializam de forma descarada o voto do rebanho.
Por
favor leia a história abaixo que originalmente foi publicada pela Ultimato:
“O candidato a deputado chega junto ao pastor de
uma igreja com 550 membros, também líder regional de uma denominação de grande
expressão. Ao termino do culto o pastor aproxima-se dele. Convida-o ao seu
gabinete. O ilustre candidato, sem mais delongas vai direto ao assunto:
- pastor eu sei que o senhor está querendo fazer
algumas reformas em sua igreja e, sabendo de sua seriedade, estou aqui para lhe
ajudar no que for preciso. Pode ser que o senhor alegue que o fato de estarmos
muito próximo das eleições pode pegar mal, mas, adianto para o amigo, não tem
nada a ver uma coisa com a outra, eu quero que o senhor lembre do meu nome para
deputado, como o candidato de Deus para a sua igreja. Eu não compro votos. O
pastor constrangido responde: – Claro doutor! O amigo é sério eu sei. Só que
tem um probleminha, eu já me comprometi com outro candidato, ele esteve aqui
antes de você e, para ajudar na compra das janelas da igreja me deu, ou melhor,
doou para a igreja sete mil reais. Infelizmente, não posso acompanhá-lo esse
ano.
Mas, o perseverante candidato insiste: – Meu
pastor, eu não posso perder tão honroso apoio. Olhe, eu vou lhe ofertar para as
janelas da igreja 20 mil reais, devolva o sete mil reais e fique com o resto.
- O pastor eufórico e surpreso respondeu: – Eu
sabia que não era de Deus o meu apoio àquele candidato, graças a Deus que me
enviou o amigo, isso é resposta de oração. Com certeza eu lhe apoiarei e
indicarei para toda igreja votar com você. Doutor o senhor é o candidato de
Deus com certeza. Deus escreve certo por linhas tortas…”
Pois
é, em época de eleições o que aparece de gente querendo comprar os votos do
povo de Deus não está no gibi. Infelizmente o número de picaretas ultrapassa em
muito as estatísticas e para piorar o quadro, o número de pastores que negociam
os votos do rebanho em troca de “bençãos” tem aumentado em muito.
Um
casal membro de minha igreja compartilhou que um desses políticos safados
perguntou quantos sacos de cimento eles gostariam de adquirir em troca de uma
placa em seu quintal! Sinceramente eu tenho nojo dessa corja!
Aqueles
que me conhecem sabem que não advogo a ideia que comumente tem tomado conta de
parte dos evangélicos nos dias de hoje. Não creio na manipulação religiosa em
nome de Deus, não creio num messianismo onde a utopia de um mundo perfeito se
constrói a partir do momento em que crentes são eleitos, não creio na venda
casada de votos, nem tampouco no toma-lá-dá-cá onde eleitores são trocados por
benesses de políticos.
Creio
que o voto é intransferível e inegociável. Acredito que nenhum cristão deve se
sentir obrigado a votar em um candidato pelo simples fato de ele se confessar
cristão evangélico. Antes disso, os evangélicos devem discernir se os
candidatos ditos cristãos são pessoas lúcidas e comprometidos com as causas de
justiça e da verdade. Junta-se a isso que creio que nenhum eleitor evangélico
deve se sentir culpado por ter opinião política diferente da de seu pastor ou
líder espiritual. O pastor deve ser obedecido em tudo aquilo que ensina sobre a
Palavra de Deus, de acordo com ela. No entanto, no âmbito político-partidário,
a opinião do pastor deve ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e não
como uma profecia divina.
Caro
leitor, na perspectiva da ética, dia de eleição é dia de exercermos livremente
as nossas opções políticas e ideológicas, ninguém, absolutamente ninguém tem o
direito de manipular, impor ou decidir por você em quem votar. O voto é pessoal
e intransferível e somente você tem o direito de escolher em quem votar, ainda
que isso represente não votar no candidato do seu pastor.
Pense
nisso!
Nenhum comentário:
Postar um comentário